Imagine uma universidade
comandada pela Igreja, com as aulas acontecendo em salões e, ao invés de muitos
alunos jovens (alguns ainda com espinha no rosto), um monte de senhores maduros
que ainda pagam para assistir às aulas de que necessitam. Imaginou? Assim eram
as primeiras universidades.
A primeira universidade de que se tem notícia é a de Bolonha,
Itália, criada em 1150. Naquela época o conhecimento era privilégio de poucos e
apenas quem podia pagar se associava a outros interessados para contratar um professor
sobre algum dos temas das chamadas “essências universais”. Daí o nome de
“universidade”.
No fim do século XII a
universidade de Bolonha incorporou o primeiro curso de Direito com as
disciplinas de retórica, gramática e lógica.
A segunda universidade
mais antiga é a Universidade de Paris (Sorbonne), fundada em 1214 1257.
Antes disso, as únicas
instituições comparáveis às universidades eram os mosteiros que se dedicavam ao
estudo da teologia, filosofia, literatura e eventos naturais do ponto de vista
da religião, mas que, por muito tempo, foram os responsáveis pela preservação
da cultura e dos conhecimentos da época.
Fora isso, podemos
considerar também os estudiosos “livre-pensadores” como os alquimistas e os
filósofos, principalmente os gregos, como Aristóteles
(384-322 a.C.) que dava aulas públicas no jardim de sua casa, o Lyceum, e que
sozinhos ou em grupos dedicavam a vida à tentativa de entender e modificar o
mundo a sua volta.
Se os filósofos clássicos
foram os responsáveis por libertar a sociedade da época do misticismo
excessivo, discutir os melhores meios de ordenar o conhecimento e dar forma ao
pensamento lógico e à ética, a Igreja, por outro lado, fez com que o
conhecimento por muito tempo se relegasse a uma tentativa de explicar o
universo (que eles ainda nem imaginavam o que seria) por meio de Deus e
ratificar o que havia sido escrito nas Sagradas Escrituras. Qualquer
manifestação que fosse contrária a isso era considerado heresia, incluindo
os estudos dos alquimistas e filósofos que por muito tempo foram perseguidos.
Mas, durante o final da Idade Média esse pensamento começou a ser questionado e
logo as associações estudantis foram adquirindo direitos.
Em 1158, os alunos de
Bolonha, que eram em sua maioria estrangeiros, ganharam imunidade contra
algumas prisões, foram dispensados de pagar impostos e do serviço militar. Na
Universidade de Paris, eles eram poupados da Justiça Comum e, conquanto não
cometessem heresia ou ateísmo, só podiam ser julgados por tribunais
eclesiásticos.
Até os campi
surgiram de uma necessidade: a de garantir a ordem e a paz. Visto que os
estudantes eram, em sua maioria estrangeiros, havia certa desconfiança, e vez
ou outra acabava ocorrendo conflitos com os moradores locais.
O surgimento das
universidades na Europa possibilitou a disseminação do pensamento
crítico que acabaria por desencadear o Renascimento e, mais tarde o
Iluminismo.
No Brasil, foi fundada em
1808, a Escola de Cirurgia da Bahia. A primeira dedicada ao ensino superior em
terras brasileiras. Mais tarde, vieram as Faculdades de Direito, uma em São
Paulo e outra em Olinda, em 1927. E, por fim, a primeira universidade de fato
(com cursos de diversas áreas), a Universidade do Rio de Janeiro, criada em
1920.
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